A última semana de um ano ímpar

Esse post é chato, melâncólico e nostálgico, como eu. Se você detesta isso em mim, não leia. Estão avisados.

 

Hoje eu encontrei um e-mail muito fofo na minha caixa...

 

"Domingo que vem,tem alguém muito especial, completando um aninho!
Que a semana seja de festa! E que a vida seja sempre linda para você- Maria Esther.
Beijos.
Tia Conceição."

 

Prá quem não sabe , Tia Conceição é irmã do meu pai. É uma tia muito querida, de uma sensibilidade bastante aguçada... Dessas que quase nunca fala, mas que quando fala diz tudo.

 

 

 

E eu, canceriana que sou, me dei conta de que estou evitando o tema ... Evitando encarar o fato de que no domingo que vem, minha pequenina terá um ano. Evitando encarar o fim deste ciclo... Evitando mais uma vez encerrar um ciclo. Eu odeio despedidas... odeio encerrar assuntos, fechar ciclos...Evito despedidas em aeroporto, velórios e tudo o mais que me obrigue a dizer adeus...Nem das despedidas mais corriqueiras eu gosto... Terminar de ler um bom livro? Detesto. Sou capaz de ler apenas uma página por dia só para evitar o fim de um livro pelo qual eu esteja apaixonada... Quem me conhece de perto sabe disso (e quase nunca acredita que estou evitando o fim, acham mesmo é que estou com preguiça de terminar de ler). Não conheço ninguém assim como eu. Ainda bem.

 

Ano passado, nessa mesma época eu estava assim também... por causa do fim da gravidez. Todo mundo ansioso, feliz.... contando os dias.... e eu? Bem... eu evitando claramente pensar no assunto. Evitando tanto que trabalhei um dia antes até bem tarde da noite... como se nada estivesse acontecendo... como se não estivesse para dar à luz na manhã seguinte. No fundo eu estava detestando o fato de que, meu tempo promocional com a Maria (duas Marias pelo preço de uma, como eu gostava de dizer) estava chegando ao fim. Puro egoismo. Sou mesmo assim. Um dia transcrevo partes do diário que eu escreví para Maria durante minha gravidez ( se chama Diário de Bordo e faz parte da cápsula do tempo que um dia a Maria vai ganhar) para ilustrar meus conflitos existenciais... fiquem tranquilos, eu aviso antes para que ninguém se sinta obrigado a ler.

 

Exatamente por saber o quanto me custa encerrar ciclos é que eu inventei tantos rituais de passagem para este primeiro ano da Maria ... Para ir treinando... Infelizmente não adiantou muito... O tempo insistiu em passar depressa de mais... Maria continua insistindo em crescer com urgência...E eu continuo relutando em aceitar o fato.  Já comemoramos o último mêsversário e agora só falta mais uma foto para completar o mosaico do crescimento... pouco a pouco todas as nossas pequenas "tradições mensais" estão chegando ao fim ... E hoje, pensando bem, o fato de grande parte dessas pequenas tradições (além de tantos outros posts começados e não terminados) não estar exposta aqui não é simplesmente falta de tempo... é também para prolongar o fato...

 

Deve ser por puro escapismo também que até agora ainda não organizei a comemoração do primeiro aniversário dela. É verdade! Podem ficar chocados... eu sou mesmo assim... prefiro me fazer de boba para ver se o fato desiste de acontecer. Ok, ok... eu sei que eu tinha que estar comemorando... afinal é uma imensa alegria comemorar o primeiro aniversário do seu bebê... significa antes de mais nada que mesmo tendo a certeza de seu total despreparo como mãe (será que alguém em algum momento se sente verdadeiramente preparado para isso??? será que sou só eu???) você conseguiu manter vivo e à salvo seu filhote. E isso merece muita comemoração! Significa também que você sobreviveu à este desafio, o que também merece ser celebrado!

 

Obviamente que a pessoa aqui não está conseguindo focar na alegria ,só na melancolia...Quer ver uma coisa que me põe super "prá baixo" ultimamente ??? Parece ridículo, mas acaba comigo não encontrar mais peças do tipo body para ela usar (sabe aquelas com botões de pressão para fechar embaixo?)... tudo bem, ela já nem me deixa abotoar direito (a impaciência em forma de pessoinha essa minha filha) mas eu continuo achando que o tal body é a melhor opção de roupinha prá ela (não fica subindo e expondo a barriguinha)... outra coisa que tá difícil de engolir são os solados dos sapatinhos... Tão duros! Onde foram parar os sapatinhos com solinha molinha e flexível que eu comprava até há pouco tempo??? Tudo bem que ela está querendo andar mas, não dá para fazer sapatinhos molinhos e confortáveis para essa situação??? Chega o que ela vai sofrer no futuro quando quiser se equilibrar no salto como a mãe dela.... 

 

 

 

Já se cansaram? Já estão se odiando por não terem desistido de ler logo no começo? Não? Que bom!!! Porque a parte boa é que eu sou nostálgica até o momento em que algo faz click (obrigada Tia Conceição) e eu decido parar de sofrer e começar a ser feliz. Porque embora não pareça, eu sei que todo fim significa um novo começo. E que quase sempre, como diria Sinatra, the best is yet to come!

 

 

Por isso vamos espremer esse limão e fazer uma mousse ! Proponho escrever um post por dia nessa "última semana " e contar as estórias que não foram contadas à tempo. O que acham?

 

 

 

Let´s celebrate!

 

Beijos,

 

Mary

P.S. A foto que ilustra o começo deste post foi tirada em Junho deste ano (gente, cadê o cabelo da Maria?), durante a visita da Tia Conceição (e de outras tias) aqui em Goiânia. Assunto garantido nessa semana.